quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O segredo dos aprovados: Breno Alves (UFRJ)

 
Breno Alves está cursando Medicina na UFRJ
            O momento mais esperado por aqueles que buscam uma vaga em Medicina é relatado em detalhes por Breno Alves: "Há mais ou menos um ano, chegava o mais querido SMS que recebi na vida. Era o MEC me parabenizando pela conquista da vaga no SISU. Foi uma sensação muito boa, uma mistura de êxtase com sensação de dever cumprido - a vaga numa universidade pública de respeito havia, finalmente, sido alcançada", conta Breno Alves – que foi aprovado numa grande lista de universidades. Diante de um variado leque de opções, ele optou pela tradicional e renomada UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). No SISU de 2014, a Medicina da UFRJ teve a maior nota de corte do País.

Breno Alves conseguiu bolsa
integral no UP Vestibulares
            O caminho de Breno, não foi, no entanto, um mar de rosas. Houve muita dedicação, disciplina e comprometimento por parte dele. Após não ter sido aprovado no terceiro ano do Ensino Médio, por um misto de falta de preparo e nervosismo, ele decidiu "tomar jeito". Sua nota na redação o prejudicou muito – foram 580 pontos. "Teima, teima, que uma hora vem", ele gosta de parafrasear. Sem muitos recursos, Breno teimou. Após a conclusão do Ensino Médio, decidiu seguir em frente no curso pré-vestibular no UP (União dos Professores). No entanto, a mensalidade integral do pré-vestibular girava em torno de 1600 reais, um valor fora de sua realidade. Havia feito um bolsão no terceiro ano e, agora, no pré, teimou mais uma vez: conseguiu uma bolsa a partir de suas boas notas no Enem. A escola não levava em conta a pontuação na Redação.  

            A escola era sua casa. Breno passava ali até 14 horas por dia. Seguia uma rotina rígida, com metas a serem alcançadas. Quando seu planejamento estava correndo bem, ele se permitia alguns momentos de descontração. No entanto, a resolução incessante de questões, a leitura de livros na biblioteca da escola e a revisão em salas de estudo marcaram o ano de Breno. Tanto teimou que sua hora veio. E, de uma única vez, numa avalanche de sucesso, ele foi aprovado na UFRJ, UFMG, UERJ e UFES. Nas particulares, foi aprovado na Emescam, UVV e Univix. Só que ele sempre quis o curso das universidades públicas. Breno galgou sua montanha e, agora, chega à Medicina da UFRJ. Ele é mais um daqueles que comprova que a Medicina não é mais um curso exclusivo de jovens nascidos em berço de ouro. A mensagem que Breno trás é a de, mesmo diante de obstáculos e fracassos, não se pode desistir dos seus sonhos. "Mesmo que você ouça coisas ''ah, a prova tal a redação é ruim, prova X é decoreba e é impossível''. Não fique cabisbaixo, defina metas e trabalhe no seu objetivo que, tenho certeza, você será agraciado com a materialização de teu sonho", ele garante. Leia a entrevista completa com Breno:


Você sempre quis ser médico? Como você se interessou pela Medicina?
Nem sempre quis ser médico. Passei boa parte do meu ensino médio tentando me decidir. Eu fui excluindo, primeiro, as grandes áreas de conhecimento. De início, excluí Humanas, depois Ciências Agrárias e, por fim, Exatas. Apesar de me dar bem com matemática, física e química, não me chamava atenção trabalhar num escritório, até o fim da vida, fazendo projetos. Aí, parti pra área da Saúde e então optei por Medicina. Isso porque, além de ter grande retorno econômico na atualidade, ela me parecia um desafio bacana de superar.

O curso de Medicina é sempre muito disputado. Qual foi a estratégia que você adotou para lidar com tanta concorrência? Qual era sua rotina de estudos? Quantas horas por dia você estudava?
Desde o início eu queria universidade pública. Por isso, demorei mais tempo pra passar, pois em geral as públicas são mais concorridas. No primeiro ano, eu deixei meu nervosismo me atrapalhar. Não me planejei tão bem. Resultado: bati na trave na UFES e ganhei bolsa numa faculdade. No segundo ano, eu fiquei tranquilão. Eu fiz um planejamento ousado com metas e datas definidas. Eu fazia simulados de forma disciplinada. Eu entrava no colégio às 7h e algumas vezes eu tinha aula até às 19h. Mas havia 3 dias com tardes livres. Mesmo assim, só saía às 21h do colégio. Eu ficava em bibliotecas ou salas de aula. Além disso, o que me ajudava muito era responder dúvidas para outras pessoas. Isso me forçava a pensar mais rápido e ainda fixar o conhecimento. Eu gostava de ir relaxar quando minha meta da semana ou mês estava pronta. Eu ia pra praia ou bebia com amigos, etc. Aí, sim, eu obtive resultados.

O que você considera ter sido fundamental para a sua aprovação em Medicina? O que você fazia para otimizar suas horas de estudo?
O apoio que tive de pessoas até entao desconhecidas e que se tornaram meus amigos me ajudou muito. Eu morava fora de casa (320km). Então eles me ajudavam em muitas coisas, como me organizar. Também me davam dicas das peculiaridades da prova. E, claro, o colégio que eu estudava me deu bolsa integral – a mensalidade integral era de 1600 reais - e eu não poderia pagar nem a metade disso. Ademais, os professores me davam muito suporte. Aí, eu cresci muito rápido e me tornei confiante.

Quando e para onde você passou? Valeu a pena todo o esforço? Qual foi a sensação de ter visto seu nome na lista de aprovados?
A UFRJ, em foto tirada pelo próprio Breno
Eu passei em 2013, passei na UFRJ, UFMG, UERJ e UFES. Ganhei bolsas integrais na EMESCAM, Unesc e PUC – Campinas. Também passei em outras particulares através do vestibular tradicional, na Emescam, UVV e Univix. A sensação foi agradabilíssima, mas a melhor de todas foi passar na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), pois foi essa a que mais estudei pra passar (a UERJ mantém um vestibular próprio, com exame discursivo, fora do Enem). Mesmo assim, optei pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). E acredito que valeu o esforço. As instituições públicas brasileiras são muito boas e respeitadas. Só perdemos nos rankings mundiais por problemas burocráticos e devido a estruturas ultrapassadas. Quanto à pesquisa e ao ensino, evoluímos muito e já temos algo de bastante qualidade. E, claro, estar numa faculdade de Medicina de 206 anos (a Faculdade de Medicina da UFRJ foi criada em 1808, pelo príncipe regente D. João) é muito bom, os profissionais de lá têm um status enorme.

Recentes formandos de Medicina da UFRJ
Como é a faculdade de Medicina? O que há de melhor e quais são as dificuldades do curso?
A faculdade é muito conservadora e tem muitos problemas. Mas também tem bons professores e algumas matérias interessantíssimas. Entretanto, trata-se de um curso tradicionalmente frequentado pela elite. Com isso, muitas vezes, temos que lidar com egos, vaidades e um conservadorismo direitista muito nojento. Aos poucos ela está mudando, grades mais humanizadas estão sendo implementadas e integração maior com a comunidade está sendo posta na prática

Você já pensou na especialidade que seguirá? Qual? Por que fez essa escolha?
Ainda não tenho uma escolha definida, por hora, apenas uma afinidade por clínica médica.

Brevemente, o que você diz para aqueles que, como você, decidiram por uma carreira em Medicina e estão se preparando para o vestibular?
Meu recado é que para se conquistar a vaga é necessário dominar 2 das 3 variáveis que irei citar: emocional, conteúdo e sorte. O emocional pode ser dominado com auxílio de família, amigos ou suporte psicológico - mas não é menos importante que as outras duas variáveis, pois influencia seu desempenho no dia da prova. O conteúdo é dever de casa, ler de tudo, resolver o máximo de questões, estabelecer metas de estudos, etc. E a sorte, meus amigos, também é importante, mas incontrolável Então, se ela surgir, cair algo que você acabou de ver ou domina, ou sobre oque o professor deu dicas, daí você vai tá com a mão na vaga.

Leia outras entrevistas com os aprovados em Medicina clicando aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário