quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Síndrome de Guillain-Barré

A Síndrome de Guillain-Barré é uma patologia imunomediada que tipicamente ocorre após um processo infeccioso, podendo causar paralisia neuromuscular. As infecções mais envolvidas são as pela bactéria Campylobacter jejuni, pelo citomegalovírus, pelo vírus Epstein-Barr, vírus Zika e pelo HIV. 

Anticorpos formados contra esses patógenos reagem cruzadamente contra os gangliosídeos e outros glicolipídeos encontrados na membrana de nervos periféricos. Além do mimetismo molecular, alguns autores brasileiros propõe que a apresentação de antígenos pode levar diretamente à produção de autoanticorpos na Síndrome.

Epidemiologia
A incidência é maior em homens e aumenta com o passar da idade. Em recente análise, foram revisados 327 casos publicados na forma de relato entre 2003 e 2018. Evidenciou-se que homens entre 44 e 71 anos foram os mais acometidos pela Síndrome. Quanto à etiologia, a avaliação mostrou que a maior parte dos casos de Guillain-Barré era precedida por dengue ou zika - mas muitos estudos se deram durante o contexto da epidemia de zika na América Latina.

À época, a partir de 2015, houve um aumento das internações por Guillain Barré no Brasil. Entre 2008 e 2014, houve uma média de 1344 internações por ano, contra 2216 internações em 2016. Houve um incremento de 52% - iniciando-se uma fase de cenário epidemiológico sem precedentes no País, catalisado pelo zika vírus.

Mais raramente, quimioterapia com compostos de platina podem causar a Síndrome de Guillain-Barré. Evidências sugerem que a platina pode ser um gatilho para a autoimunidade, estimulando a formação de anticorpos contra a bainha de mielina.

Achados clínicos
O achado central dessa polineuropatia é a fraqueza simétrica bilateral em ambos os membros (superiores ou inferiores), que leva a uma paralisia ascendente. Os membros afetados tipicamente apresentam arreflexia ou hiporreflexia. A presença de hiperreflexia na síndrome de Guillain-Barré é rara, mas é relatada - e não deve ser motivo para atraso na terapia imunomoduladora.

O acometimento respiratório ocorre em 10 a 30% dos pacientes infectados. Eventualmente, pode haver necessidade de ventilação artificial. Atenção deve ser dada aos sinais e sintomas de desconforto respiratório, que podem ter valor premonitório de necessidade de intubação.

Muitos pacientes (aproximadamente 60 a 90%) também apresentam dor além da fraqueza, especialmente na fase inicial. Essa dor é em geral por inflamação da raiz nervosa, desmielinização e a degeneração do nervo sensitivo pelo ataque imunomediado. A dor pode cronificar, mesmo após resolução da flacidez e paralisia. Parestesia também pode ocorrer.

Sintomas mais graves incluem disfunção autonômica, com flutuações na pressão arterial e na frequência cardíaca, além de retenção urinária.

A doença tem uma fase de progressão, com o avanço da paralisia; de manutenção, em que os sintomas se tornam estáveis; e de regressão, em que, em especial com o tratamento, há melhora da qualidade de vida e independência, como evidencia um estudo brasileiro.

Há alguma chance de efeitos residuais observados em longo-prazo, como perda de autonomia, queixas físicas e mentais, além de depressão, associados a Síndrome de Guillain-Barré.

Diagnóstico
Inicia-se com uma anamnese completa e exame físico detalhado. 

Exames complementares, como a punção lombar, podem auxiliar na conclusão diagnóstica. A análise do líquor irá revelar um achado conhecido como dissociação citoalbuminológica: há um aumento do nível de proteínas, mas a celularidade mantém-se normal (geralmente, menos que 6 células brancas). Isso é característico, mas não é patognomônico. A eletroneuromiografia e estudos de condução nervosa também são úteis no diagnóstico.

Tratamento
O tratamento gira em retorno do manejo de sintomas. É importante, contudo, que quando os sintomas são severos - como desconforto respiratório - o paciente receba cuidados intensivos. Muitos deles irão necessitar de intubação orotraqueal.

Duas terapias utilizadas para pacientes com Síndrome de Guillain-Barré são a plasmaférese e imunoglobulina endovenosa. Não há benefício em associá-las; e uma não é melhor que a outra. O que pode ser decisivo é o início precoce - em geral durante as duas primeiras semanas de evolução.

A dor é neuropática, mas também tem componentes inflamatórias, comumente exigindo uma abordagem multimodal. Anticonvulsivantes, que são úteis para dores neuropáticas (como pregabalina e gabapentina) e anti-inflamatórios podem ser associados. Opioides devem ser usados com extrema cautela pelo risco de depressão respiratória.

A fisioterapia também é fundamental para melhor prognóstico do paciente com Guillain-Barré. O tratamento fisioterapêutico reduz a limitação funcional e o déficit motor, além de oferecer suporte respiratório.

Emergências em Diabetes Mellitus

Emergências continuam a ser importante causa de morte prematura em pacientes com diabetes. Incluem os comas diabéticos (hipoglicemia, cetoacidose diabética severa, hiperglicemia hiperosmolar, acidose lática), cirurgias de emergência e infarto do miocárdio.

Coma diabético
O nome pode não ser tão apropriado, uma vez que muitas pacientes apresentam-se sonolentos ou com estupor, mas não comatosos. Informações clinicamente úteis incluem estado de hidratação, pressão arterial, pulso, estado da pele e temperatura corporal.

Coma hipoglicêmico
Dificilmente, apresentarão-se desidratados. A pele é fria, úmida e pegajosa. O pulso é mais rápido e são normotensos. O diagnóstico é feito pela glicemia capilar. É comum entre pacientes tratados com insulina ou com sulfonilureias, como glibencamida. Refeições perdidas ou atrasadas, ou exercício intenso são as principais causas entre insulinodependentes.

O tratamento clássico consiste na infusão endovenosa de glicose, 20 mL a 50%, em bolus. Logo após, carboidrato via oral ou infusão contínua de glicose a 10% (100 a 200 mL por hora conforme leitura de glicemia).

Outra possibilidade é o uso do glucagon, que pode ser dado intramuscular ou endovenoso. A dose padrão é de 1 mg, mas menores são adequadas. Esse hormônio irá mobilizar o glicogênio hepático, efeito que é pouco duradouro. Portanto, glicose via oral deve ser o próximo passo. É especialmente útil quando há dificuldade em obter o acesso do paciente.


Cetoacidose diabética
Uma das complicações metabólicas agudas mais sérias da diabetes. Trata-se de uma perturbação metabólica que consiste em três alterações em paralelo: alta concentração de glicose sanguínea, alta concentração de corpos cetônicos e acidose metabólica.

Na maior parte das vezes, acomete pacientes com diabetes tipo 1, mas muitos pacientes com diabetes tipo 2 podem desenvolver cetoacidose sob condições médicas ou cirúrgicas estressantes (isto é, em cenários de estresse orgânico). Na maior parte das vezes, há uma infecção subjacente que configura-se como fator precipitante. Não adesão à terapia insulínica, estresse psicológico, cirurgia, trauma e isquemia miocárdica são outros fatores de risco.

Patogênese
A cetoacidose diabética é caracterizada por hiperglicemia descontrolada, acidose metabólica e aumento da concentração de corpos cetônicos circulantes. A cetoacidose é resultado da ausência absoluta ou relativa (isto é, por ineficácia em sua ação) da insulina e, ao mesmo tempo, da elevação dos chamados hormônios contrarreguladores (glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio do crescimento).

A insulina tem ações anabólicas e anti-catabólicas. Por exemplo, impede a quebra de glicogênio hepático para a formação de glicose (o que elevaria a glicemia) e, ao mesmo tempo, aumenta o anabolismo proteico, a captação hepática e periférica de glicose e seu depósito na forma de glicogênio. Inibe também a lipólise e a cetogênese. Os hormônios contrarreguladores opõem-se a essas ações tanto no fígado quanto nos tecidos periféricos, alterando a deposição de glicose e também elevando a quebra de gordura para a produção de corpos cetônicos.


O mix de ausência de insulina e elevação de hormônios contrarreguladores gera aumento da quebra dos estoques de glicogênio e elevação da glicose sanguínea, com baixa captação hepática e periférica. A hiperglicemia promove uma diurese osmótica, levando à hipovolemia e redução da taxa de filtração glomerular. Isso agrava ainda mais a hiperglicemia.

A deficiência de insulina combinada à elevação de catecolaminas e cortisol eleva a quebra dos estoques de triglicerídeos, com a liberação de grande quantidade de ácidos graxos, que serão oxidados no interior de mitocôndrias, gerando corpos cetônicos (processo mediado pelo glucagon).

Fatores precipitantes
A cetoacidose diabética pode ser o momento de diagnóstico de pacientes com DM1. Em pacientes que já sabem ter diabetes tipo 2, infecções, outras comorbidades, estresse psicológico e má adesão terapêutica podem ser os fatores precipitantes do quadro metabólico. Entre as infecções, especial atenção à pneumonia e ITU. Abuso de álcool, trauma e infarto de miocárdio também merecem citação.

Medicamentos também podem precipitar crises de cetoacidose. É o caso dos antipsicóticos como olanzapina e risperidona e também uma nova classe de antidiabéticos oral, os inibidores do cotransportador de glicose e sódio 2. São agentes hipoglicemiantes que impedem a reabsorção de glicose no túbulo proximal.

Diagnóstico
Sinais e sintomas
Incluem os sintomas típicos de hiperglicemia, como poliúria, polidipsia e perda de peso. São em geral encontrados por vários dias antes do desenvolvimento da cetoacidose. Fraqueza, náusea, vômito e dor abdominal são também encontrados - a última sem causa bem elucidada.

Ao exame físico, revelam-se sinais de desidratação, como perda do turgor da pele, membranas mucosas secas, taquicardia e hipotensão. O estado mental pode variar do alerta total até à letargia profunda; mas cerca de 20% dos pacientes são hospitalizados com perda da consciência. Hálito cetônico e respiração de Kussmaul são presentes em especial nos pacientes com acidose metabólica severa.

Achados laboratoriais
O achado crucial é uma elevação da concentração de corpos cetônicos totais circulantes (exame que não é extremamente disponível, sendo por vezes a cetose inferida pela cetonúria). Ainda, como a doença é caracterizada pela tríade cetose, acidemia e hiperglicemia, esses dois últimos achados também são importantes na investigação laboratorial. Glicemia acima de 250 mg/dL, pH menor que 7,3 e bicarbonato sérico menor que 15 mEq/L.

O acúmulo de cetoácidos como o beta-hidroxi-butirato resultado em acidose metabólica com aumento de anion gap [Na - (Cl + HCO3].

Outros achados laboratoriais que auxiliam na investigação incluem a leucocitose com desvio à esquerda (sugerindo uma infecção bacteriana); sódio corrigido (frequentemente, há hiponatremia) e hipercalemia (fluxo de K+ do intra pro extracelular devido a fatores como a acidemia). A correção do sódio é feita adicionando-se 1.6 mg/dL a cada 100 mg/dL de glicose acima de 100 mg/dL. Demais eletrólitos, fósforo, magnésio, pH venoso, creatinina, ureia e glicose devem ser medidos a cada 4 horas. E glicemia capilar a cada 1 - 2 horas.

Tratamento
Em linhas gerais, o tratamento requer frequente monitorização dos pacientes, correção da hipovolemia e da perturbação metabólica, além da busca diligente pelo fator precipitante.

Fluidoterapia
Os pacientes com cetoacidose tem depleção de fluidos e necessitam de ressuscitação volêmica agressiva para restaurar o volume intravascular e a perfusão renal. Em geral, solução salina isotônica pode ser infundida a 500 - 1000 mL/hora durante as primeiras 2 horas. Depois da correção da depleção intravascular, a infusão deve ser reduzida a 250 mL/hora.

Uma vez que a glicemia atinga 250 mg/dL, o fluido de reposição deve conter 5 a 10% de dextrose.

Insulinoterapia
A insulina tem efeito hipoglicemia por aumentar a utilização periférica de glicose e ao mesmo tempo reduzir a produção hepática de glicose. Ao mesmo tempo, inibe a lipólise e, portanto, produção de ácidos graxos para a geração de corpos cetônicos. Dessa forma, a insulina age em grandes problemas do paciente com cetoacidose - a hiperglicemia, a acidemia e a cetose.

A droga de escolha é a insulina regular ofertada intravenosa. A recomendação da Associação Americana de Diabetes é do uso de uma dose inicial em bolus de insulina regular a 0,1 unidades / kg seguida de infusão contínua de 0,1 unidades/kg/hora até que a glicemia atinja 250 mg/dL.

Com a glicemia abaixo de 250 mg/dL, é recomendada a adição de dextrose aos fluidos intravenosos e a insulina deve ser dada a concentração de 0,05 unidades/kg/hora. Diz a Associação Americana de Diabetes que:
Portanto, a velocidade da administração de insulina deve ser ajustada para manter a glicemia a aproximadamente 150  a 200 mg/dL - e continuada até a resolução da cetoacidose. A resolução da hiperglicemia leva cerca de 4 a 6 horas, mas a resolução da cetoacidose dura mais tempo, aproximadamente 10 a 14 horas; assim a dextrose é necessária para manter a infusão contínua de insulina e prevenção da hipoglicemia.
Injeções subcutâneas de análogos rápidos de insulina também são alternativas factíveis no manejo da cetoacidose.

Potássio
A maior parte dos pacientes apresentam-se com níveis normais de potássio. Após a instituição da fluidoterapia e da insulinoterapia, a concentração de potássio extracelular invariavelmente cai. A insulina estimula a captação periférica de potássio, daí tornando necessária a administração de potássio para a prevenção de hipocalemia.

O objetivo é manter a calemia dentro de valores entre 4 e 5 mEq/L. Preocupa um paciente que já apresente hipocalemia à admissão. Ela pode ser agravada após o início da insulina. É por conta disso que, caso a concentração inicial de potássio seja igual ou menor que 3 mEq/L, a reposição de potássio deve ser realizada por ao menos 1 a 2 horas antes da insulinoterapia.

Bicarbonato
Raramente é usado bicarbonato. Vários estudos falharam em evidenciar benefícios, mesmo com valores de pH arterial entre 6,9 e 7,1. Ainda assim, em casos de acidose metabólica severa (pH arterial < 6,9), recomenda-se a adição de 44,6 mEq de bicarbonato por litro de soro fisiológico hipotônico.

Fosfato
Raramente, é utilizado, pois estudos evidenciaram poucos benefícios em sua aplicação - e até efeitos danosos, como hipocalcemia.

Prevenção
O risco de hospitalização futura por emergências hiperglicêmicas pode ser reduzida por meio da educação do paciente. O médico deve explicar ao paciente a importância da manutenção do tratamento com insulina e sobre o reconhecimento de sinais de risco de evolução para a cetoacidose. Com isso, espera-se prevenir recidivas.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) - parte 1

Definição
A DPOC é uma patologia caracterizada por sintomas respiratórios e pela limitação do fluxo aéreo (que é medida pela espirometria) - ambos sendo persistentes e progressivos. 

Em sua fisiopatologia (leia mais abaixo), estão envolvidos processos como a bronquiolite e a disfunção mucociliar - que leva ao estreitamento das pequenas vias aéreas, obstruída por muco - e lesões ao parênquima pulmonar, com prejuízos das superfícies de hematose (enfisema). Também, devido à destruição do parênquima, há a perda da adesão dos alvéolos às vias aéreas - o que determina prejuízos ainda maiores à troca gasosa.

Além de ter tratamento, a DPOC pode ser prevenida. As alterações patológicas acima são de origem inflamatória - promovidas pela interação entre fatores ambientais (exposição a partículas e gases nocivos, como os do cigarro) e fatores genéticos.

Epidemiologia e o fardo da doença
A DPOC ocupa o quinto lugar entre as principais causas de morte no Brasil - ela ocupa a liderança na mortalidade por doenças respiratórias. Seu fardo social e econômico também é grande, ao considerarmos a quantidade de internações por DPOC por ano e o absenteísmo no trabalho. A prevalência tende a aumentar - com a exposição cada vez maior aos fatores de risco, o envelhecimento populacional e a mortalidade reduzida por doenças infecciosas e cardiovasculares.

Apesar disso, a DPOC é prevenível com medidas como a cessação do tabagismo, como já foi pontuado. Por esse e outros motivos, o tabagismo é considerado um problema de saúde pública.

Pacientes com DPOC apresentam uma redução da capacidade de se exercitar, além de perderem a força dos músculos respiratórios. No tratamento, são empregados corticoides e broncodilatadores. Nas complicações infecciosas, antibióticos também são necessários. Em crises de agudização, oxigenioterapia e ventilação mecânica são usados - novamente, com grande impacto social e econômico.

Fatores que influenciam o desenvolvimento e a progressão da doença
A cessação do tabagismo pode evitar a instalação de DPOC e também melhorar a qualidade de vida dos portadores. É verdade que não-fumantes também podem ter DPOC - mas nesse caso a doença é mais branda, com menos sintomas e menor impacto na qualidade de vida. 

Fatores genéticos estão envolvidos, também: por exemplo, menos de 50% dos fumantes desenvolvem DPOC, o que mostra que é necessária a interação entre fatores ambientais e genéticos. O gene mais associado ao DPOC é o da alfa-1 anti-tripsina (inibidor de protease, circulante no organismo). Ele está "defeituoso" nos pacientes com DPOC.

O status socioeconômico também é um fator de risco, pois interfere no desenvolvimento e maturação pulmonar. A exposição ocupacional à fumaça derivada da queima de combustíveis fósseis também é outro fator. 

Patologia
A DPOC é uma doença marcada pela inflamação - tanto sistêmica quanto mais propriamente do aparelho respiratório. Células inflamatórias (como macrófagos, neutrófilos; e eosinófilos em pacientes asmáticos) aumentam em número no parênquima, na vasculatura pulmonar e nas vias aéreas. 

Elas liberam mediadores inflamatórios, promovendo dano tecidual, que é constantemente reparado. A reparação contínua pode levar à fibrose tecidual. O estreitamento das vias aéreas por essa resposta inflamatória determinam uma redução do VEF1 (volume expiratório forçado em 1 segundo, avaliado na espirometria).

A resposta inflamatória é comum em resposta a irritantes como as partículas do cigarro, mas só que é mais intensa em pacientes com DPOC. Com isso, há estresse oxidativo local no aparelho respiratório, especialmente durante as crises (exacerbações). 

Também ocorre um desequilíbrio na proporção de proteases/anti-proteases, favorecendo um acúmulo de proteínas que degradam tecido conjuntivo, contra as que inibem essa degradação. Essas proteínas chamadas proteases são derivadas de células inflamatórias e contribuem para a destruição do parênquima pulmonar. Isso contribui ainda mais para a limitação ao fluxo de ar e para a redução da hematose.

A limitação periférica persistente ao fluxo de ar (com exsudato e estreitamento de vias) leva a um "aprisionamento" de gases durante a expiração, levando a hiperinsuflação pulmonar. O aumento do volume pulmonar reduz a capacidade de exercício e causa sintomas como dispneia. Além disso, a hematose é prejudicada com a progressão da doença, podendo levar a hipoxemia e hipercapnia. Em geral, o prejuízo da hematose piora com o passar do tempo, com característica retenção de dióxido de carbono.

Em alguns pacientes, há uma proliferação de células caliciformes, devido à irritação crônica do epitélio por partículas tóxicas. Essas células, junto de glândulas da submucosa, aumentam sua atividade, levando à hiperssecreção de muco leva à tosse produtiva crônica. É a bronquite crônica.

As crises de DPOC podem ser promovidas por infecções respiratórias, seja de vírus ou bactérias, poluentes ambientais e outros fatores. Durante as exacerbações dos sintomas respiratórios, há cada vez mais hiperinsuflação pulmonar e aprisionamento de ar, com fluxo respiratório reduzido - causando dispneia.

Diagnóstico e avaliação inicial
DPOC é um diagnóstico que deve ser pensado em qualquer paciente com: dispneia, tosse crônica e produção de muco e/ou histórico de exposição a fatores de risco para a doença (tabaco, poluentes, exposição ocupacional). 

Nesse cenário (sintomas e história sugestivas), a espirometria é necessária para a conclusão diagnóstica. DPOC é confirmado quando há uma VEF1/CVF <0.70 mesmo após uso do broncodilatador (obstrução persistente).

Sintomas
Dispneia: é o sintoma cardinal da DPOC, caracteristicamente crônica e persistente. Pacientes costumam descrever como necessidade de maior esforço para respirar.

Tosse: a tosse crônica é muitas vezes o primeiro sintoma. Pode ser intermitente no início, mais tarde se tornando persistente. Pode ser produtiva ou não.

Produção de muco: se ocorre por três meses ou mais em dois anos consecutivos, pelo menos, encaixa-se na definição clássica de bronquite crônica. Muco purulento reflete aumento de mediadores inflamatórios e pode indicar quadro de exacerbação bacteriana.

Sibilos e opressão torácica: sibilos inspiratórios e expiratórios podem estar presentes na ausculta. Opressão torácica muitas vezes ocorre depois de esforço físico e é uma sensação de origem muscular (fadiga da musculatura intercostal). Sua ausência não exclui diagnóstico de DPOC, nem sua presença indica diagnóstico de asma.

Outras: fadiga, perda de peso e anorexia são  problemas comuns em pacientes com DPOC severo ou muito severo. Doenças consumptivas devem ser investigadas. Ansiedade e depressão também podem estar presentes, posto que a doença tem grande impacto funcional e na qualidade de vida.

História médica
Deve incluir:
  • Exposição a fatores de risco - como tabaco e poluentes.
  • História patológica pregressa - incluindo asma, rinite, sinusite, outras doenças crônicas - comorbidades que também causem restrição de atividade. Internações ou crises (agravamento de sintomas) prévios.
  • História familiar de DPOC ou de outra doença respiratória
  • Padrão dos sintomas: quando os sintomas começaram (geralmente, na vida adulta), evoluíram, sua intensidade, restrições sociais impostas pelos sintomas.
  • Impacto da doença na qualidade de vida do paciente (trabalho, exercício físico, rotina familiar, atividade sexual...)
  • Possibilidade de reduzir os fatores de risco
Exame físico
Raramente, leva a diagnóstico de DPOC. Os sintomas de limitação de fluxo de ar geralmente só se apresentam em quadros severos.

Espirometria
É a medida mais confiável de restrição ao fluxo de ar. A espirometria deve medir o volume de ar forçadamente expirado da inspiração máxima do paciente - a capacidade vital forçada, CVF e o volume de ar expirado no primeiro segundo dessa manobra - volume expirado forçado em 1 segundo, VEF1 e a razão dessas duas medidas (VEF1 / CVF). Os valores são comparados com aqueles esperados conforme a idade, sexo, altura e etnia do paciente.

O VEF1/CVF em pacientes com DPOC é menor que 0,7. Indica um padrão obstrutivo persistente, isto é, mesmo após teste com uso do broncodilatador.

Avaliação do paciente
Os objetivos, a fim de guiar a terapia, são avaliar o nível de limitação do fluxo de ar (pelos valores da espirometria), os impactos na saúde do paciente e o risco de eventos futuros (crises, internações ou óbito)

Classificação da intensidade de limitação do fluxo de ar:
  • GOLD 1 - VEF 1 > 80%  - leve
  • GOLD 2  - VEF 1 entre 50 a 80% - moderada
  • GOLD 3 - VEF 1 entre 30 e 50% - grave 
  • GOLD 4 - VEF 1 menor que 30% - muito grave

Classificação dos sintomas:
Há o COPD Assessment Test, que avalia com pontuações de 0 a 5 vários sintomas (como tosse, secreção de muco, qualidade do sono, níveis de energia, opressão torácica, atividades sociais e rotineiras, atividade física...).

Avaliação dos riscos de exacerbação:
Exacerbação é definida como uma piora aguda dos sintomas respiratórios que exige terapia adicional. São classificadas em: leve (necessitando de broncodilatador de curta duração [SABA]), moderada (tratada com SABA e antibióticos e/ou corticosteroides orais) e grave (que requer hospitalização ou visita à emergência). As exacerbações graves também podem levar à falência respiratória aguda.

O melhor preditor de exacerbações frequentes (definidas como duas ou mais num ano) é histórico desses eventos já tratados. A piora da função pulmonar também é associada com maior prevalência de exacerbação; e hospitalização é associada com pior prognóstico de DPOC.

Avaliação das comorbidades:
Muitas vezes, os pacientes com DPOC apresentam outras doenças crônicas. O próprio DPOC é associado a sintomas extrapulmonares importantes - como disfunção da musculatura esquelética, devido ao sedentarismo e a problemas nutricionais. Comorbidades incluem doenças cardiovasculares, síndrome metabólica, osteoporose, depressão, ansiedade e câncer de pulmão. As comorbidades devem ser tratadas independentemente.

Avaliação combinada do DPOC:
É feita em ABCD (que correspondem à: intensidade/impacto dos sintomas e risco de eventos futuros) e 1234 (que correspondem à classificação GOLD de limitação do fluxo de ar).

Por exemplo: paciente GOLD A - com VEF 1 > 80%, com 0 ou 1 exacerbação sem ida ao hospital. GOLD D - paciente com VEF 1 < 30%, com 2 ou mais exacerbações ou com ida ao hospital.

Interleucina-18 como marcador de necrose tubular aguda

Aumentos da creatinina sérica são comumente empregados na prática hospitalar para registrar a lesão renal aguda. Elevação maior que 0,3 mg/dL em até 48 horas é um dos critérios para o diagnóstico da doença, que tem como uma das principais causas a necrose tubular aguda isquêmica.

Apesar disso, a creatinina sérica é pouca específica e sensível, o que alimenta a busca por melhores biomarcadores. Um dos apontados é a interleucina-18. Estudos em camundongos demonstraram que a protease pró-inflamatória caspase-1 catalisa a formação de interleucina-18 na lesão renal aguda isquêmica. 
A caspase-1 é responsável por catalisar a formação de interleucina-18, que age nas células tubulares renais

É provável que esse mediador seja responsável por alguns danos renais observados na doença. Por exemplo, os pesquisadores apontam que a neutralização dessa citocina reduz o acúmulo tecidual de neutrófilos. A IL-18 medeia a inflamação em modelos de artrite, danos pulmonares e doença intestinal inflamatória. Outro exemplo, na isquemia miocárdica, a neutralização da IL-18 é associada com melhor força de contração cardíaca.

Tendo isso em vista, cientistas analisaram se em pacientes com necrose tubular aguda, isso também seria observado. Compararam a medida de IL-18 em amostras de urina com a de pacientes com outras patologias agudas ou crônicas renais, além de controles saudáveis.

Os resultados foram promissores. Em pacientes com necrose tubular aguda, os níveis de IL-18 na mediana dos pacientes estavam massivamente aumentados, atingindo significância estatística, comparado com pessoas saudáveis e aqueles com outras causas de doença renal, como azotemia pré-renal ou insuficiência renal crônica, como mostra o gráfico abaixo:

A interleucina-18 urinária, portanto, teve excelente poder discriminatório em atestar necrose tubular aguda em pacientes. Um marcador precoce de lesão renal é desejável pois permite uma atuação mais oportuna para evitar danos maiores (com a cessação de drogas nefrotóxicas, ajuste medicamentoso e cuidado com fluidos). "A aplicação clínica desse teste pode ser substancial porque é confiável, barato, e fácil de executar", disseram os autores.

O estudo foi publicado em 2004 no American Journal of Kidney Diseases. Leia aqui.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Taurina pode ter efeito protetor na necrose tubular aguda tóxica

Efeito protetor da taurina contra necrose tubular aguda induzida por gentamicina
Taurina é um aminoácido encontrado em quase todos os tecidos. Ela tem um efeito antioxidante em sistemas biológicos - por exemplo, estabiliza as biomembranas e neutraliza as espécies reativas de oxigênio. 

Antibióticos aminoglicosídeos, usados para combater infecções por bactérias gram-negativas, são nefrotóxicos. As células tubulares tem a capacidade de concentrar altas quantidades de gentamicina, sendo internalizada por essas células. Isso leva à injúria e morte de células do córtex renal. 

Um dos supostos mecanismos pelo qual esse dano se estabelece é a produção de radicais livres. Nesse sentido, a taurina foi investigada como agente protetor contra os danos renais induzidos por gentamicina, por um estudo publicado em 2000.

Testes feito em ratos demonstrou que a taurina inibiu o acúmulo de gentamicina nos rins. Além disso, impediu o aumento da concentração sérica de creatinina e de ureia, evidenciando preservação de função renal. A gentamicina produziu aumento de lactato, indicativo de hipóxia - o que também foi revertido pela taurina. Enzimas antioxidantes também caíram após o tratamento com gentamicina. A taurina novamente exerceu efeito protetor, algo também comprovado pelo histopatológico.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Necrose Tubular Aguda

Por que esse assunto é importante?
A lesão renal aguda ocorre em 30% dos pacientes hospitalizados em UTI. A principal causa por trás da lesão renal em UTI, acredita-se, é a necrose tubular aguda (NTA) - representa cerca de 80% dos quadros da doença.

O que é a Necrose Tubular Aguda?
Entre as definições, autores empregam critérios similares aos da síndrome de lesão renal aguda: uma redução da função renal a valores incompatíveis com a manutenção da homeostase. Ou seja, travam-se atividades como taxa de filtração glomerular e da regulação ácido-básica e hidroeletrolítica.

A definição apoia-se principalmente em um parâmetro diagnóstico: um aumento de um produto nitrogenado, a creatinina sérica, com elevação de ao menos 0,3 mg/dL em 48 horas;.além de decréscimos no débito urinário.

Contudo, isso não é suficiente para diferenciar as causas de lesão renal aguda. A Necrose Tubular Aguda cursa com lesões anatômicas no parênquima renal, especialmente nos túbulos renais. É a consequência de distúrbios hemodinâmicos ou inflamatórios.

Diagnósticos diferenciais
Importante aqui é ter em mente diagnósticos diferenciais, que também pintam o mesmo quadro de lesão renal aguda, com oligúria ou anúria e retenção de escórias nitrogenadas. A saber, há a azotemia pré-renal, situação em que todo o aparelho renal é anatomicamente íntegro, mas há problemas funcionais, como hipovolemia e oferta inadequada de sangue ao rim.

Pode ser precipitada pelo débito cardíaco comprometido por uma insuficiência cardíaca, por exemplo. Pelo rim, passam 20 a 25% do débito cardíaco - e é essa grande perfusão renal que mantém a filtração glomerular.

Também temos como etiologia as iatrogenias, como em pacientes em uso de AINEs e de inibidores da enzima conversora de angiotensina, por exemplo. Nesse último casos, tais fármacos perturbam os mecanismos de regulação do tônus da vasculatura da artériola aferente e eferente.

Uma obstrução do fluxo urinário pós-renal também é outra explicação - em especial, no caso da hiperplasia prostática benigna, acometendo homens idosos. Calculose renal em rim único também pode determinar anúria. Tumores são outra possibilidade diagnóstica. Nesses casos, a lesão anatômica ao rim, se existir, é consequência da obstrução. Por fim, vasculites, glomerulonefrite e nefrite intersticial aguda - que entram como "causas intrínsecas" - também devem compor a investigação diagnóstica em pacientes com lesão renal aguda.

Diagnóstico
Como já visto, a lesão renal aguda é diagnosticada por avanços da concentração sérica de creatinina (com elevação maior que 0,3 mg/dL em 48 horas).

Em estados pré-renais, em que há uma redução da perfusão renal, mas com preservação das funções tubulares, há baixa concentração de sódio urinário, aumento da razão urina/plasma de creatinina. A disfunção tubular, um continuum da hipoperfusão pré-renal, leva a um aumento da concentração de sódio urinário. Outro marcador diagnóstico é a presença de sedimentos urinários na urinálise (como o de células renais epiteliais tubulares).


Além dos estudos laboratoriais, o diagnóstico deve se basear em dados da história do paciente e em seu exame físico.

Etiologia
Necrose Tubular Aguda Séptica
Sepse é a principal causa de Necrose Tubular Aguda em pacientes internados na UTI - responde a mais de 50% dos casos, segundo alguns autores. Infelizmente, muitos casos tem desfechos fatais na sepse severa e no choque séptico, mesmo com investidas terapêuticas.

Em grande parte, isso se deve a lacunas em nosso conhecimento sobre a patogenia da necrose tubular aguda séptica - devido aos riscos associados com a biópsia renal. Modelos animais fornecem algumas pistas: assim como nos choques hemorrágico e cardiogênico, o choque séptico também pode conduzir a lesões isquêmicas por conta de uma redução do fluxo sanguíneo renal.

Com isso, o resultado não é somente uma queda da taxa de filtração glomerular, com resultante azotemia. Outro desdobramento grave é a privação de nutrientes às células tubulares, conduzindo a uma depleção das reservas de fosfato. Como consequência final, há o estado de necrose.

Contudo, a necrose tubular aguda pode existir mesmo em casos de choque séptico hiperdinâmico - em que o fluxo renal não está comprometido. Portanto, mecanismos não hemodinâmicos também podem ter um papel importante nos danos a células tubulares. Uma das vias apontadas como pivô é a inflamatória.

Como se sabe, a sepse é caracterizada por uma enxurrada de citocinas inflamatórias (como o TNF), substâncias vasoativas e agentes trombogênicos. Esse mix de mediadores podem provocar cascatas que conduzem a necrose e apoptose de células renais.

Necrose Tubular Aguda Isquêmica
Isquemia é uma importante causa de lesão renal intrínseca. Por exemplo, cerca de 30% dos pacientes que são ressuscitados por parada cardiorrespiratória desenvolvem lesão renal aguda. A isquemia corporal total leva a lesões tubulares. Há ampla evidência que a supressão da oferta de oxigênio é acompanhada por cascatas inflamatórias que contribuem a essa injúria renal.

Apoptose celular, influxo de neutrófilos, adesão endotelial de leucócitos, interação entre células tubulares e inflamatórias, ativação do complemento, perda da integridade da borda em escova e outras alterações medeiam o extermínio da função renal.

Necrose Tubular Aguda Tóxica
Agentes nefrotóxicos podem provocar lesão das células tubulares dos rins diretamente. Por exemplo, antibióticos aminoglicosídeos como a gentamicina e agentes quimioterápicos como a cisplastina causam toxicidade tubular. Radiocontraste e anfotericina B também são mediadores de lesão tubular.

Tratamento
O tratamento de pacientes com lesão renal aguda ou risco de desenvolvê-la - genericamente - tem como pilar uma atenção cuidadosa ao estado hemodinâmico e a restauração da homeostasia. Hipotensão severa e sustentada, que ocorre na azotemia pré-renal, pode acabar levando a uma lesão intrarrenal (como conferimos, a Necrose Tubular Aguda Isquêmica).

A administração de fluidos - com preferência por cristaloides, na ausência de choque hemorrágico - é instituída na tentativa de expandir o volume intravascular. Isso, muita vezes, pode prevenir avanços na lesão renal, ou permitir a sua regressão. Pacientes com queimaduras extensas e pancreatite (com grande perda plasmática), ou em hemorragias são candidatos à solução salina a 0,9%. Reposição volêmica vigorosa deve ser feita em casos de rabdomiólise.

Hipovolemia menos grave pode ser tratada com solução salina hipotônica, a 0,45%. Além disso, alguns pacientes necessitarão de concentrado de hemácias.

Em caso de hipervolemia - que pode ser fatal devido a edema agudo de pulmão, por exemplo - o uso de diuréticos pode ser apropriado, acompanhado da redução do aporte de líquidos e sódio.

Se o volume já foi restaurado, mas ainda há paralisia vasomotora, o uso de infusão contínua de noradrenalina em conjunto pode melhorar parâmetros da função renal, como o clearance de creatinina. Tal abordagem é especialmente útil em contexto de choque hipovolêmico e choque séptico.

Também podemos pensar em pacientes com síndrome cardiorrenal - em que o coração bombeia com menos força e, portanto, o rim é menos perfundido, levando à azotemia. Esses pacientes necessitarão, por exemplo, de agentes inotrópicos, anti-arrítmicos ou recursos como balão intra-aórtico.

O e sucesso terapêutico pode ser avaliado por aumentos nos valores pressóricos (média maior a 65mmHg), débito urinário maior ou igual a 0,5mL/kg/h e perfusão de oxigênio.

As complicações, no cenário de lesão renal aguda, também merecem avaliação e cuidadoso seguimento. Entre os objetivos, estão a prevenção de excesso de fluidos, prevenção de hipercalemia e acidose metabólica (por exemplo, evitando-se excessos na infusão de solução cristaloide, que pode causar uma acidose metabólica hiperclorêmica), o ajuste de dosagem de medicamentos conforme a taxa de filtração glomerular, além da descontinuação de drogas potencialmente nefrotóxicas, sempre que possível. Demais distúrbios hidro-eletrolíticos devem ser corrigidos.

Cuidadoso controle glicêmico também é importante. O uso de insulina para atingir a euglicemia pode melhorar o prognóstico em pacientes graves, evitando a hiperglicemia por estresse. Além disso, na sepse, a insulina possui efeito anti-inflamatório.

A terapia dialítica deve ser instituída quando houver indicação. Uso de manitol e de diuréticos deve ser evitado.

Prognóstico
Mesmo depois de lesão renal aguda grave, necessitando de diálise, são grandes as chances de recuperação renal. Porém, em longo-prazo, são pacientes que tem mais chances de evoluir para doença renal crônica e devem ser acompanhados cuidadosamente por um nefrologista.