terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Interleucina-18 como marcador de necrose tubular aguda

Aumentos da creatinina sérica são comumente empregados na prática hospitalar para registrar a lesão renal aguda. Elevação maior que 0,3 mg/dL em até 48 horas é um dos critérios para o diagnóstico da doença, que tem como uma das principais causas a necrose tubular aguda isquêmica.

Apesar disso, a creatinina sérica é pouca específica e sensível, o que alimenta a busca por melhores biomarcadores. Um dos apontados é a interleucina-18. Estudos em camundongos demonstraram que a protease pró-inflamatória caspase-1 catalisa a formação de interleucina-18 na lesão renal aguda isquêmica. 
A caspase-1 é responsável por catalisar a formação de interleucina-18, que age nas células tubulares renais

É provável que esse mediador seja responsável por alguns danos renais observados na doença. Por exemplo, os pesquisadores apontam que a neutralização dessa citocina reduz o acúmulo tecidual de neutrófilos. A IL-18 medeia a inflamação em modelos de artrite, danos pulmonares e doença intestinal inflamatória. Outro exemplo, na isquemia miocárdica, a neutralização da IL-18 é associada com melhor força de contração cardíaca.

Tendo isso em vista, cientistas analisaram se em pacientes com necrose tubular aguda, isso também seria observado. Compararam a medida de IL-18 em amostras de urina com a de pacientes com outras patologias agudas ou crônicas renais, além de controles saudáveis.

Os resultados foram promissores. Em pacientes com necrose tubular aguda, os níveis de IL-18 na mediana dos pacientes estavam massivamente aumentados, atingindo significância estatística, comparado com pessoas saudáveis e aqueles com outras causas de doença renal, como azotemia pré-renal ou insuficiência renal crônica, como mostra o gráfico abaixo:

A interleucina-18 urinária, portanto, teve excelente poder discriminatório em atestar necrose tubular aguda em pacientes. Um marcador precoce de lesão renal é desejável pois permite uma atuação mais oportuna para evitar danos maiores (com a cessação de drogas nefrotóxicas, ajuste medicamentoso e cuidado com fluidos). "A aplicação clínica desse teste pode ser substancial porque é confiável, barato, e fácil de executar", disseram os autores.

O estudo foi publicado em 2004 no American Journal of Kidney Diseases. Leia aqui.

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