quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Psicose


Psicose é uma perturbação mental que dificulta discernir o que é real ou não, com delírios (crenças fixas e falsas) e alucinações (perturbações dos sentidos).

As alucinações podem afetar os cinco órgãos do sentido:
  • alucinações táteis (insetos, em pacientes alcoólatras em abstinência, com delirium tremens);
  • alucinações visuais, como em pacientes com hiperuremia; 
  • alucinações auditivas em esquizofrenia, por exemplo 
  • alucinações olfativas (por vezes, ocorrem em pacientes com depressão)
Pode ocorrer em:
  • Esquizofrenia
  •  Transtorno psicótico devido a uma condição médica geral – por exemplo, em UTIs, na insuficiência renal aguda, com hiperuremia e consequente confusão mental. 
  • Transtorno psicótico induzido por substância – maconha, LSD
  • Transtorno esquizoafetivo – "mistura" da esquizofrenia e da afetividade do transtorno bipolar (diagnóstico difícil, reservado ao especialista) 
  • Transtorno esquizofreniforme – de um a seis meses, “um pé na esquizofrenia” 
  • Transtorno psicótico breve – até um mês para remissão e retorno ao funcionamento pré-mórbido.
  • Transtorno delirante – apenas delírios.
  • Transtorno do humor com aspectos psicóticos – depressões psicóticas (alucinação com ouvir mortos, sentir cheiro da morte...) ou euforias psicóticas (grandeza, megalomania), em transtorno bipolar tipo 1.
Esquizofrenia 
Marcada por falta de insight (percepção, olhar para dentro, noção de si próprio), sinais pré-delirantes ou pré-mórbidos (retração social, crianças em lar desajustado, ideias de auto-referência, perplexidade), delírios, alucinações, agitação psicomotora. 

1 por cento da população tem esquizofrenia, idade de alto risco é de 20 a 39 anos.

Mais cedo e mais grave nos homens. Nas mulheres, há muitos sintomas afetivos (justamente por começarem mais tarde, neuroplasticidade). 

É muito comum haver história familiar positiva. 

Formas ou subtipos de esquizofrenia
Paranóide – delírios persecutórios, alucinações auditivas (vozes de comando ou vozes que falam entre si)... É a forma mais clássica e a mais comum. 

Hebefrênica – é a mais grave, porque aparece mais cedo. O paciente é infantilizado. Grande desagregação do pensamento, agitação psicomotora desordenada e bizarra acompanhada de risos imotivados e falta de crítica, que demonstram o caos interno vivenciado. 

Catatônica – hipercinesia catatônica (agressividade), parada/esturpor catatônica. Flexibilidade cérea.

Indiferenciada – forma mista

Residual – sintomas demenciais por conta de história prolongada de esquizofrenia (embotamento afetivo, indiferença ao luto, por exemplo, ou emoção incongruente com as situações). 

Sintomas positivos:
Delírios
Alucinações
Agitação psicomotora, alterações psicomotoras
Alterações do discurso: neologismo (invenção de palavras) 

Sintomas negativos:
Retração social 
Embotamento afetivo 
Lentificação psicomotora 
Anedonia 
Apraxia 

Fisiopatologia Aumento da transmissão de dopamina em vias dopaminérgicas. Sobrecarregamento dopaminérgico em redes neurais específicas. 

Fatores de risco 
Idade: adolescência e início da idade adulto (uso de substâncias). 
Personalidade vulnerável (esquizóide, esquizotípica), histórico familiar.
Estados: eventos vitais, estresse psicossociais, abuso de drogas, alterações funcionais e subjetivas na pessoa. 

Sinais e sintomas: 
Perda de energia 
Percepção de que as coisas ao redor estão alteradas 
Crenças incomuns 
Obsessão religiosa, comportamento diferente do habitual. 

Diagnóstico
De 2 de 5 presentes: ideias delirantes, alucinações, linguagem desorganizada, comportamento catatônico, sintomas negativos – por seis meses. 

Prognóstico, manejo e tratamento:
  • É uma doença incurável. O objetivo do tratamento é atingir o insight – atingir a autocrítica; seja por meio de psicofármacos, TCC ou orientação familiar (manutenção da afetividade). 
  • Ganhar a confiança do paciente – estabelecimento de uma aliança terapêutica, especialmente se fora da crise. Em crise, pode-se considerar participação nas ideias delirantes. 
  • Promover a adesão terapêutica (observar efeitos colaterais). 
  • Dar segurança ao paciente – mas não ofertar falsas esperanças 
  • Considerar o trauma de estar psicótico – quando o paciente retoma insight, o paciente pode se ver incapacitado. 
  • Envolvimento familiar 
  • Empregar psicoeducação para auxiliar a conviver com o problema. 


Dificuldades no diagnóstico
 Não há sinal ou sintoma patognomônico, sempre é importante investigar transtornos orgânicos e outras causas secundárias. Os sintomas podem mudar com o tempo. Levar em conta o nível socioeducacional, nível intelectual e afetivo. 

Diagnóstico diferencial Outros quadros psicóticos, já citados – além de transtornos invasivos do desenvolvimento (por exemplo, TEA). 

Fatores de bom prognóstico
Início tardio
Fatores precipitantes conhecidos (por exemplo, uso de drogas) 
Início agudo
Casado
Sintomas de transtorno de humor (preservação da afetividade)
Sintomas positivos – ausência dos sintomas negativos

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