quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O doping intelectual: conheça os estudantes que usam remédio para "turbinar o cérebro"

A modafinila, indicada para tratar a sonolência excessiva, é capaz de aumentar o desempenho intelectual, segundo a ciência. Conheça a história de quem já o utilizou

Por Matheus Pereira
Você usaria um remédio para ficar mais inteligente?

"Esquece o metilfenidato! O Stavigile coloca qualquer Ritalina no chinelo". Foi com uma frase como essa que João Pedro* respondeu a uma publicação num grupo do Facebook voltado para vestibulandos de Medicina. Stavigile, cujo princípio ativo é a modafinila (para conhecer os mecanismos bioquímicos de sua ação, clique aqui), é um medicamento vendido no Brasil que é anunciado como o "Viagra do cérebro".

Ele seria capaz de conferir superpoderes ao cérebro, com maior eficiência na memória, raciocínio, concentração e principalmente na capacidade de ficar acordado. O Stavigile é usado (ou abusado) por aqueles que almejam uma aprovação em vestibulares ou concursos e ainda profissionais que precisam enfrentar longas jornadas de trabalho, como médicos residentes e enfermeiros. Conheça suas histórias.

Quer conhecer outras drogas da inteligência? Confira mais sobre o tema no final do artigo

Em pé por 3 dias e 3 noites

Ele é indicado, a princípio, para tratar a sonolência excessiva - principalmente a causada por uma doença chamada narcolepsia.

O médico francês Michel Jouvet, que estudava a narcolepsia, descobriu a modafinila já há um tempão, nos anos 1980. Era um remédio que promovia a vigília e tirava o sono (finalmente) dos narcolépticos.

Numa jogada de marketing, Jouvet disse: "A modafinila pode manter um Exército em pé por três dias e três noites". Exagero? Não. 

Numa guerra, um soldado que não prega os olhos por 72 horas é extremamente eficaz. Se, no passado, usavam-se as anfetaminas para obter tais efeitos, a modafinila é agora a substância favorita do alto escalão das Forças Armadas de muitos países.

Diferente das anfetaminas, que deixam os soldados "ligadões", a modafinila causa pura e simplesmente a vigília - a sensação de estar acordado. Sem euforia, sem alteração de humor: os soldados apenas se sentiam sem sono e com habilidades intactas. Mesmo após 48 horas sem pregar os olhos.

Não é à toa que o Exército dos Estados Unidos testou o modafinil em seus soldados e pilotos em algumas missões, como na invasão do Iraque, em 2003. Os franceses utilizaram o modafinil na Guerra do Golfo, em 1991 e, atualmente, administra a droga rotineiramente aos seus pilotos de caça.

Nas Forças Armadas, a modafinila significa menos mortes e menor perdas financeiras para o governo. E, na batalha do futuro, quem não usar substâncias como essa estará em desvantagem. Afinal, o Exército que usa a modafinila irá forçar o inimigo a ficar acordado, sem descanso. Trata-se de uma arma muito eficaz.

 Droga está nas prateleiras das farmácias brasileiras
Segundo enfermeira, o Stavigile é usado por médicos
plantonistas para "aguentar a jornada de trabalho"
Saindo dos campos de batalha, a modafinila pode ser encontrado por aqui em qualquer farmácia, com uma receita amarela, sob o nome de Stavigile.

"Esse remédio só é vendido com uma receita especial, é uma receita amarela e você tem que apresentar o seu RG na compra do medicamento", conta Fabio*, que utilizou o medicamento, com prescrição de sua psiquiatra, como uma opção no tratamento de Transtorno de Déficit de Atenção.

Mas há sempre o jeitinho brasileiro. "Eu conseguia o Stavigile porque meu ex-namorado era psiquiatra. Eu costumava tomar quando tinha que enfrentar mais de 48 horas consecutivas de plantão", diz Lívia*, uma enfermeira. Mesmo depois de tanto tempo sem dormir, ela relata: "Parecia que eu tinha descansado por nove horas". 

Ela utilizava a modafinila por necessidade, como diz, "para aguentar". "Eu trabalho em hospital. Não dá para ficar sonolenta. Pode-se prejudicar a saúde de alguém ao cometer algum erro".

Benefícios na privação do sono
De fato, médicos, enfermeiros e cirurgiões que estejam fadigados e prejudicados pela privação do sono são uma ameaça à saúde de pacientes. E a modafinila realmente os ajuda, nesse caso. 

Quem garante é um estudo realizado em 2012 lidou com médicos que não dormiam há 24 horas. Uma parte deles tomou 200mg de modafinila e outra parte tomou placebo. Os resultados mostraram que o grupo com modafinila conseguiu se manter mais eficiente e funcional.

Remédio tem controle especial           
"Já conheci muitos médicos que usavam a Ritalina e o Sta", conta Lívia. "Sta" é o apelido carinhoso que o remédio ganhou entre os profissionais. Ela diz que, na área da Saúde, o remédio é facilmente conseguido, principalmente através de psiquiatras. 

Marcos*, um estudante conta: "Fui perguntando aos meus amigos se eles conheciam quem vendesse uma receita. Depois de algum tempo, consegui duas caixas de graça. Um amigo conseguiu em um hospital". Nas farmácias, a menor caixa de Stavigile, a de 10 comprimidos com 100mg, é vendida por não menos que R$ 30. 

Caso Marcos tenha conseguido o Stavigile num hospital público, esse dinheiro saiu de impostos.

Na Internet, anúncio chama Stavigile de "poderoso aliado"
Como se não bastasse, há um mercado negro para o Stavigile. Uma pesquisa por "Stavigile Libbs", no Google, revela uma coleção de sites que o vendem, anunciando também outras drogas de prescrição e controle especial. Um deles chega mesmo a apostar no marketing, criando um banner chamativo (veja acima). Com quase 70.000 visitas, a página não tem credencial alguma para fazer tal venda. É ilegal, e, muito provavelmente, um golpe.

"Ficava acordado até umas 3h da manhã", diz estudante
Marcos tinha uma rotina puxada: ele fazia um cursinho intensivo para Medicina e uma faculdade de Direito à noite. Ele estudava, quase que sem parar, das 6h às 23h. "Eu chegava em casa muito cansado e era assim de segunda a sábado. Mas eu queria cursar medicina e tinha obrigação de estudar muito todos os dias ", ele conta. 

Sentindo-se sobrecarregado ele resolveu buscar um médico, que o receitou Fisioton. É um medicamento a base da planta Rhodiola rosea, indicado para fadiga. Mas Marcos não notou diferença alguma.

Foi aí que ele encontrou o Stavigile e conseguiu as caixas do medicamento, como ele disse, com um amigo no hospital. A história de Marcos começou a mudar. "Passei a tomar um comprimido logo ao acordar e pronto. Conseguia prestar mais atenção nas aulas do cursinho e não sentia vontade de dormir. Ainda ficava acordado até umas 3 da manhã, sem nenhum cansaço, estudando", ele relata.

"Maior concentração e mais energia"
Diego*, estudante de Medicina, usa o modafinil por razões médicas. "Meu psiquiatra me passou para desordem do ciclo sono-vigília de causa não-orgânica". Ele começou com 100mg, mas foi desenvolvendo tolerância e atualmente utiliza o dobro. Só deve largar o remédio daqui a 4 anos. "Meu médico só planeja retirar o remédio depois que eu me formar e começar a estabilizar mais os horários e duração do sono noturno".

Dá para ficar inteligente com um comprimido?
Os efeitos que ele descreve são incríveis. Assim como no caso da enfermeira Lívia e do vestibulando Marcos, que tinham rotinas estressantes, Diego foi beneficiado.

"Tenho maior concentração, mais energia, menos sono durante o dia e notei uma melhora nos reflexos motores. Eu parei de dormir nas aulas (o que era um grande problema). Minhas notas subiram em média 10%. Conseguia absorver mais da matéria e me tornei mais participativo. Também melhorou minha imagem frente aos professores", ele conta.

"Como um milagre"
Paulo Felipe*, estudante de História foi diagnosticado com apneia do sono, após uma série de exames, como a polissonografia, que o obrigou a dormir a noite inteira numa clínica. Na apneia do sono, ocorrem episódios de interrupção da respiração ao dormir.

Isso faz com que a pessoa tenha um sono totalmente fragmentado. No final das contas, o doente tem que lidar com o insuportável fardo da falta de uma noite de sono revigorante diariamente. "O neurologista me receitou o Stavigile para me manter acordado durante o dia", conta Paulo.

"Foi como um milagre", diz Paulo, sobre os primeiros dias com o Stavigile, 200mg. "Eu dormia só por 4 horas. Acordava, às 6h da manhã, sem sono e com disposição para fazer tudo. Eu passava o dia inteiro elétrico. Nenhum cansaço mental. Eu desenho, como hobby. Sempre que eu ficava parado em algum lugar, me sentia entediado e começava a desenhar. Em menos de um mês preenchi dois cadernos com desenhos. Era algo que me levaria, em condições normais, mais de um ano", ele conta.

Outro efeito que Paulo notou foi uma melhora nas habilidades sociais. "Sempre foi muito tímido. Com o Stavigile, eu sentia vontade de interagir com as pessoas. Ele aumentou minha confiança".

Já nos estudos, ele também notou diferenças. Ele conta que sua concentração nas aulas aumentou. "O Stavigile me ajuda a manter o foco na aula, o que eu não conseguia fazer no Ensino Médio. Eu tiro umas notas boas mesmo sem estudar muito". 

O barato pode sair caro
"Não vale a pena", diz estudante que utilizou o Stavigile

O título de "Viagra do cérebro", aplicado na mídia para o Stavigile, faz pensar que o remédio não tem efeitos colaterais. Mas não é verdade. Como ocorre com todas as drogas, a resposta fisiológica dos usuários pode variar muito. Foi o que notei através das entrevistas.

O Fabio, que usou a modafinial como uma segunda opção no tratamento de déficit de atenção, conta que não sentiu o efeito do modafinil. Segundo ele, mesmo com o comprimido de 200mg, sentia sono durante as tardes. Voltou para a Ritalina, o tratamento mais tradicional para seu problema.
            
Num outro extremo, Marcos, que havia usado o remédio para lidar com sua rotina exaustiva, conta que se tornou, nas palavras dele, um zumbi. "Quando dormia, era um sono bem leve. Qualquer barulho me acordava. Eu era um morto-vivo! E foi então que parei de usar todos os dias ou usava só 1/3 do comprimido", ele conta. 

Enquanto algumas pessoas contaram que não precisavam repor as horas de sono, isso não foi verdade para Marcos. "Eu dormia muito. Era quase o dia todo dormindo e ainda sentia vontade de dormir mais. Ou seja, o tempo que eu ganhava estudando, eu perdia dormindo", ele revela.
A modafinila altera toda a química cerebral

Não é exagero dele. A modafinila tem um tempo de meia-vida muito longo. Isso significa que o remédio, mesmo após muitas horas, continua no organismo. Como o Marcos tomava um comprimido todos os dias (e considerando que não era para corrigir algum distúrbio de sono), a substância ia se acumulando e ficando cada vez mais forte.

Hoje, ele se arrepende. Marcos acredita que os efeitos negativos superam em muito a suposta inteligência e a energia que o Stavigile lhe dava. Ele disse: "Não vale a pena. Não vale a pena se sentir morto de cansado e não conseguir dormir. Não vale a pena estudar 12 horas e dormir 18 horas".

O estudante de Medicina, Diego, sentiu efeitos colaterais similares. Aos fins de semana, quando não usa o medicamento, ele se sente fadigado. "Alguns dias, também tenho problemas para dormir", ele conta. Segundo Diego, o remédio também o deixa, às vezes, estressado.

Lívia também conta outros efeitos colaterais: "Me sentia nauseada às vezes, perdia o apetite, chegando a ficar dias sem comer. Muito raramente, taquicardia".

*Os nomes completos dos entrevistados foram omitidos a fim de preservar suas privacidades.

Conheça 16 nootrópicos: alternativas mais seguras ao Stavigile
Há drogas e suplementos que são considerados bem mais seguros que o Stavigile, não requerendo uma receita amarela para a compra. Eles se chamam nootrópicos.

Os nootrópicos são melhoradores cognitivos e psicoestimulantes que aumentam o desempenho intelectual, sem trazer riscos significativos como as medicações como Ritalina e Stavigile. Eles favorecem a atividade intelectual e promovem a saúde do cérebro.

Muitos nootrópicos beneficiam o cérebro em longo prazo. Também aumentam a memória, melhoram o humor, corrigem a desatenção e combatem a fadiga mental.

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4 comentários:

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