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Plínio estuda Medicina na UFSC |
Confira
hoje a entrevista com Plínio Oliveira Filho. Ele estuda hoje na Universidade
Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. É uma das faculdades de Medicina
mais renomadas do País. Além de revelar o que garantiu sua aprovação, Plínio
versa de modo muito esclarecido sobre os problemas que a área da Saúde enfrenta
hoje. O futuro médico também te leva para adentrar os portões da UFSC, contando como é o dia-a-dia na Faculdade de Medicina.
Por quanto tempo você estudou para Medicina? Qual era sua rotina de estudos?
Minha história com a Medicina foi bem complicada. Eu, primeiro, fui cursar engenharia mecânica. Fiz dois anos de mecânica e no fim larguei. Continuei, então, tentando Medicina. Consegui ir pro cursinho, pois no começo meus pais me apoiaram, mesmo que com pé atrás. Estudava no cursinho durante a manhã (e 2 tardes por semana também). Revisava o conteúdo em casa em forma de resumos rápidos. No entanto, o que foi essencial para mim era resolver exercícios, principalmente das provas que eu ia prestar. Não ficava resolvendo de lugares aonde não ia fazer.
Então você sempre focou na UFSC? Por quantas horas estudava sozinho, fazendo exercícios, nas tardes sem cursinho? E aos fins de semana?
Não, meu foco era a UFSM. Mas eu fazia muitos exercícios da UFSC, porque planejava fazer ela e também porque a prova é muito completa e seleciona muito bem seus alunos. Eu estudava no máximo umas 5h por dia, algumas vezes 6h além do que eu estudava no cursinho, mas isso não era regra. Se eu via que não estava rendendo, eu parava e fazia outra coisa. Nunca estudei nos finais de semana. No máximo lia livros. Eu sempre reservei os finais de semana para mim.
Conseguiu passar no primeiro ano de cursinho? Qual foi a sensação de ter entrado para a Medicina da UFSC, que hoje, segundo a Folha, está entre as 20 melhores faculdades de medicina do país?
Não foi no primeiro ano. Em 2012 junto com a faculdade eu fiz um semestral e não consegui aprovação. Em 2013 eu me dediquei num curso anual e consegui lograr aprovação no final do ano na UFSC, UFRGS e UCPel. A medicina da UFSC é muito boa, principalmente na atenção básica e na cirurgia. Temos contato com o paciente desde o primeiro semestre. A partir do terceiro, temos semiologia médica (que é a base de toda clínica e da medicina), que geralmente só ocorre na maioria dos cursos entre o quarto e quinto semestre. É uma universidade boa, que tem alguns problemas como toda e qualquer pública, mas tem uma excelência de professores e de colegas incrível.
Sentiu dificuldades no início do curso? Deve ser complicado se adaptar a uma carga horária extensa. Os veteranos e professores te ajudaram com isso?
Nem tanto. Pra quem já estuda pra medicina, e pra mim que vinha de um colégio integral e federal, além de ter estudado engenharia, não senti tanto assim a carga horária. Senti mais dificuldades na quantidade de coisa pra estudar, mesmo. Mas como a gente passa muito tempo em sala de aula, é impossível não estar estudando, mesmo que de forma passiva. Por fora a gente estuda também, mas não precisa ser exaustivamente, ao menos não até agora. Dá pra conciliar faculdade, vida pessoal e tudo mais numa boa. Pelo menos até agora estou conseguindo. Veteranos normalmente têm uma relação de ódio ou de amor contigo, vai depender de seu temperamento e de que tipo de pessoa você é. Geralmente eles nos dão dicas e materiais, como provas passadas e resumos, que ajudam muito. Professores são um departamento mais complicado, depende muito de cada um e de sua disciplina.
Como são as aulas práticas? Já teve que lidar, por exemplo, com cadáveres?
Até agora não tive tantas aulas práticas que não fossem de anatomia e alguma coisa que aprendi por conta própria. Em anatomia, lidamos com cadáveres desde o primeiro semestre. É necessário, pois nenhum modelo ou peça artificial substitui o corpo humano de verdade.
Você sempre
quis ser médico? O que te levou à Medicina?
Na
verdade, não. Eu comecei a me interessar por Medicina na adolescência. Meus
avós haviam ficado doentes (minha avó com câncer e meu avô com hepatite).
Passei durante todo o ano de 2009 lidando com isso. Nesse ano, também fiquei
doente com gripe A e rompi os ligamentos da mão direita. Foi aí que comecei a
pensar mais em Medicina.
Você, então,
lidou de perto com doenças muito cedo. Acredita que isso irá lhe ajudar no
futuro, quando se formar?
Eu
espero que eu consiga sair um médico no mínimo atento a pessoas e não somente às
suas doenças. Veja bem, o problema maior é que muitas vezes queremos tratar
somente o problema das pessoas e não a elas. Isso é muito necessário. Uma pessoa
não é um corpo com um problema a ser consertado, é um ser que tem consciência,
sentimentos, história e anseios que precisam ser acompanhados e lidados pela
pessoa que mais confia naquele momento: o médico.
Você toca num
ponto importantíssimo e bastante discutido hoje em dia, que costuma ser genericamente chamado de "humanização da medicina". Acredita que os médicos de hoje,
forçados a ter consultas cada vez mais curtas (em especial nos serviços
públicos), tratam apenas das doenças - e esquecem de tratar do doente?
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UBS em Saco Grande, Florianópolis |
Eu acho o termo "humanização da medicina"
idiota. A medicina é humana. O problema são as pessoas, que seriam os médicos
ou os pacientes. Nos serviços públicos, não é regra o médico agir assim. Com
uma desenvoltura e expansão maior da atenção básica (principalmente nas
unidades básicas de saúde), por meio dos médicos da família e comunidade, esse
panorama tem mudado. Eu acompanho muito essa realidade na rotina que tenho a
cada duas semanas numa UBS em Florianópolis, no bairro do Saco Grande. Os
médicos de hoje não são os mesmos de 50 anos atrás. A formação médica também
não. Isso é natural e inerente do processo da academia, da universidade.
Mas ainda é
realidade, em grande parte do País, a precariedade no serviço público...
Isso é muito do fato do mau investimento do governo
federal na melhoria da qualidade física e de recursos humanos. Muitas vezes
têm-se somente um médico para atender mais de 50 pacientes e isso satura muito
o profissional. Lembrando, agora sim em humanização, que médicos ainda são
seres humanos. Não são perfeitos, estão fadados a terem vícios e virtudes,
fome, sede, sono e quaisquer outras características de pessoas que não são
profissionais da saúde.
Leia outras entrevistas com os aprovados em Medicina clicando aqui
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Amei essa entrevista, ela me encorajou ainda mais a não desistir de realizar o meu grande sonho, que é ser uma médica.
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