O momento
mais esperado por aqueles que buscam uma vaga em Medicina é relatado em detalhes por Breno Alves: "Há mais ou menos um ano, chegava o mais querido
SMS que recebi na vida. Era o MEC me parabenizando pela conquista da vaga no
SISU. Foi uma sensação muito boa, uma mistura de êxtase com sensação de dever
cumprido - a vaga numa universidade pública de respeito havia,
finalmente, sido alcançada", conta Breno Alves – que foi aprovado numa
grande lista de universidades. Diante de um variado leque de opções, ele optou
pela tradicional e renomada UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). No SISU
de 2014, a Medicina da UFRJ teve a maior nota de corte do País.
![]() |
Breno Alves conseguiu bolsa integral no UP Vestibulares |
O
caminho de Breno, não foi, no entanto, um mar de rosas. Houve muita dedicação,
disciplina e comprometimento por parte dele. Após não ter sido aprovado no
terceiro ano do Ensino Médio, por um misto de falta de preparo e nervosismo, ele
decidiu "tomar jeito". Sua nota na redação o prejudicou muito – foram
580 pontos. "Teima, teima, que uma hora vem", ele gosta de
parafrasear. Sem muitos recursos, Breno
teimou. Após a conclusão do Ensino Médio, decidiu seguir em frente no curso pré-vestibular
no UP (União dos Professores). No entanto, a mensalidade integral do pré-vestibular
girava em torno de 1600 reais, um valor fora de sua realidade. Havia feito um
bolsão no terceiro ano e, agora, no pré, teimou mais uma vez: conseguiu uma
bolsa a partir de suas boas notas no Enem. A escola não levava em conta a
pontuação na Redação.
A escola era sua casa. Breno passava
ali até 14 horas por dia. Seguia uma rotina rígida, com metas a serem alcançadas.
Quando seu planejamento estava correndo bem, ele se permitia alguns momentos de
descontração. No entanto, a resolução incessante de questões, a leitura de
livros na biblioteca da escola e a revisão em salas de estudo marcaram o ano de
Breno. Tanto teimou que sua hora veio. E, de uma única vez, numa avalanche de
sucesso, ele foi aprovado na UFRJ, UFMG, UERJ e UFES. Nas
particulares, foi aprovado na Emescam, UVV e Univix. Só que ele sempre quis o
curso das universidades públicas. Breno galgou sua montanha e, agora, chega à
Medicina da UFRJ. Ele é mais um daqueles que comprova que a Medicina não é mais
um curso exclusivo de jovens nascidos em berço de ouro. A mensagem que Breno
trás é a de, mesmo diante de obstáculos e fracassos, não se pode desistir dos
seus sonhos. "Mesmo que você
ouça coisas ''ah, a prova tal a redação é ruim, prova X é decoreba e é
impossível''. Não fique cabisbaixo, defina metas e trabalhe no seu objetivo
que, tenho certeza, você será agraciado com a materialização de teu sonho",
ele garante. Leia a entrevista completa com Breno:
Você sempre quis ser médico? Como você se interessou pela Medicina?
Nem sempre quis ser médico. Passei boa parte do meu ensino médio tentando me decidir. Eu fui excluindo, primeiro, as grandes áreas de conhecimento. De início, excluí Humanas, depois Ciências Agrárias e, por fim, Exatas. Apesar de me dar bem com matemática, física e química, não me chamava atenção trabalhar num escritório, até o fim da vida, fazendo projetos. Aí, parti pra área da Saúde e então optei por Medicina. Isso porque, além de ter grande retorno econômico na atualidade, ela me parecia um desafio bacana de superar.
Nem sempre quis ser médico. Passei boa parte do meu ensino médio tentando me decidir. Eu fui excluindo, primeiro, as grandes áreas de conhecimento. De início, excluí Humanas, depois Ciências Agrárias e, por fim, Exatas. Apesar de me dar bem com matemática, física e química, não me chamava atenção trabalhar num escritório, até o fim da vida, fazendo projetos. Aí, parti pra área da Saúde e então optei por Medicina. Isso porque, além de ter grande retorno econômico na atualidade, ela me parecia um desafio bacana de superar.
O curso de Medicina é sempre muito disputado. Qual foi a estratégia que
você adotou para lidar com tanta concorrência? Qual era sua rotina de estudos?
Quantas horas por dia você estudava?
Desde o início eu queria
universidade pública. Por isso, demorei mais tempo pra passar, pois em geral as
públicas são mais concorridas. No primeiro ano, eu deixei meu nervosismo me
atrapalhar. Não me planejei tão bem. Resultado: bati na trave na UFES e ganhei
bolsa numa faculdade. No segundo ano, eu fiquei tranquilão. Eu fiz um
planejamento ousado com metas e datas definidas. Eu fazia simulados de forma
disciplinada. Eu entrava no colégio às 7h e algumas vezes eu tinha aula até às
19h. Mas havia 3 dias com tardes livres. Mesmo assim, só saía às 21h do
colégio. Eu ficava em bibliotecas ou salas de aula. Além disso, o que me
ajudava muito era responder dúvidas para outras pessoas. Isso me forçava a pensar
mais rápido e ainda fixar o conhecimento. Eu gostava de ir relaxar quando minha
meta da semana ou mês estava pronta. Eu ia pra praia ou bebia com amigos, etc.
Aí, sim, eu obtive resultados.
O que você considera ter sido fundamental para a sua aprovação em
Medicina? O que você fazia para otimizar suas horas de estudo?
O apoio que tive de pessoas até
entao desconhecidas e que se tornaram meus amigos me ajudou muito. Eu morava
fora de casa (320km). Então eles me ajudavam em muitas coisas, como me
organizar. Também me davam dicas das peculiaridades da prova. E, claro, o
colégio que eu estudava me deu bolsa integral – a mensalidade integral era de
1600 reais - e eu não poderia pagar nem a metade disso. Ademais, os professores
me davam muito suporte. Aí, eu cresci muito rápido e me tornei confiante.
Quando e para onde você passou? Valeu a pena todo o esforço? Qual foi a
sensação de ter visto seu nome na lista de aprovados?
![]() |
A UFRJ, em foto tirada pelo próprio Breno |
Eu passei em 2013, passei na
UFRJ, UFMG, UERJ e UFES. Ganhei bolsas integrais na EMESCAM, Unesc e PUC –
Campinas. Também passei em outras particulares através do vestibular
tradicional, na Emescam, UVV e Univix. A sensação foi agradabilíssima, mas a melhor
de todas foi passar na UERJ (Universidade
do Estado do Rio de Janeiro), pois foi essa a que mais estudei pra passar
(a UERJ mantém um vestibular próprio, com exame discursivo, fora do Enem).
Mesmo assim, optei pela UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro). E acredito que valeu o esforço. As instituições
públicas brasileiras são muito boas e respeitadas. Só perdemos nos rankings
mundiais por problemas burocráticos e devido a estruturas ultrapassadas. Quanto
à pesquisa e ao ensino, evoluímos muito e já temos algo de bastante qualidade.
E, claro, estar numa faculdade de Medicina de 206 anos (a Faculdade de Medicina da UFRJ foi criada em 1808, pelo príncipe
regente D. João) é muito bom, os profissionais de lá têm um status enorme.
Recentes formandos de Medicina da UFRJ |
Como é a faculdade de Medicina? O que há de melhor e quais são as
dificuldades do curso?
A faculdade é muito conservadora e tem muitos problemas. Mas também tem bons professores e algumas matérias interessantíssimas. Entretanto, trata-se de um curso tradicionalmente frequentado pela elite. Com isso, muitas vezes, temos que lidar com egos, vaidades e um conservadorismo direitista muito nojento. Aos poucos ela está mudando, grades mais humanizadas estão sendo implementadas e integração maior com a comunidade está sendo posta na prática
A faculdade é muito conservadora e tem muitos problemas. Mas também tem bons professores e algumas matérias interessantíssimas. Entretanto, trata-se de um curso tradicionalmente frequentado pela elite. Com isso, muitas vezes, temos que lidar com egos, vaidades e um conservadorismo direitista muito nojento. Aos poucos ela está mudando, grades mais humanizadas estão sendo implementadas e integração maior com a comunidade está sendo posta na prática
Você já pensou na especialidade que seguirá? Qual? Por que fez essa
escolha?
Ainda não tenho uma escolha
definida, por hora, apenas uma afinidade por clínica médica.
Brevemente, o que você diz para aqueles que, como você, decidiram por
uma carreira em Medicina e estão se preparando para o vestibular?
Meu recado é que para se conquistar
a vaga é necessário dominar 2 das 3 variáveis que irei citar: emocional, conteúdo e sorte. O emocional pode ser dominado com auxílio de família, amigos
ou suporte psicológico - mas não é menos importante que as outras duas variáveis,
pois influencia seu desempenho no dia da prova. O conteúdo é dever de casa, ler
de tudo, resolver o máximo de questões, estabelecer metas de estudos, etc. E a sorte, meus amigos, também é importante, mas incontrolável Então, se ela surgir, cair
algo que você acabou de ver ou domina, ou sobre oque o professor deu dicas, daí você vai tá com a mão na
vaga.
Leia outras entrevistas com os aprovados em Medicina clicando aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário