O que você sente quando toma bebidas alcoólicas – principalmente aquelas destiladas (como vodca e cachaça)? Há dezenas de respostas possíveis para essa pergunta. Talvez você se sinta mais social e descontraído. Ou, então, talvez “descontração” não seja o melhor nome, mas, sim “desinibição”. Nesse caso, você pode agir por impulso e mandar uma mensagem de texto da qual vai se arrepender amargamente no dia seguinte. Ou, então, dependendo da dose, você pode se sentir deprimido e confuso, largado sozinho “ali, naquela mesa de bar”. O estupor induzido pelo álcool pode te deixar andando com as mesmas habilidades motoras de uma criança de um ano.
De fato, o álcool é uma droga complexa. A diferença entre o prazer e a depressão depende de variações muito pequenas na concentração de álcool no sangue.
Como alguém fica bêbado?
A história começa quando aquela bebida alcoólica que antes estava em seu copo misteriosamente chega ao seu trato digestivo. O álcool é absorvido muito rapidamente: uma parte no estômago e outra no duodeno. Aí, cai na corrente sanguínea. Seu coração bombeia o álcool para todas as células do corpo. “Bêbado” é o estado em que há mais álcool no sangue do que o fígado é capaz de metabolizar. O álcool que não é metabolizado pelo fígado irá afetar o resto do corpo.
Tudo depende da concentração de álcool no sangue, calculada pela razão entre a quantidade de álcool ingerida e o volume de água no sangue. Mulheres, em geral, possuem menos água que os homens. Essa é uma das razões de elas serem mais sensíveis ao álcool.
O álcool no seu cérebro
Os efeitos mais pronunciados são no sistema nervoso central, uma vez que o álcool é capaz de cruzar a barreira que separa o sangue do cérebro. O que é curioso no etanol é que ele atua como uma substância depressiva, mas, indiretamente, é um estimulante.O álcool consegue afetar o cérebro porque altera as quantidades de neurotransmissores, mensageiros químicos que atuam na transmissão do impulso nervoso. Entre outras coisas, os neurotransmissores controlam o comportamento e a emoção. O álcool consegue afetar tanto os neurotransmissores que estimulam o sistema nervoso quanto aqueles que o inibem.
De fato, o álcool é uma droga complexa. A diferença entre o prazer e a depressão depende de variações muito pequenas na concentração de álcool no sangue.
Como alguém fica bêbado?
A história começa quando aquela bebida alcoólica que antes estava em seu copo misteriosamente chega ao seu trato digestivo. O álcool é absorvido muito rapidamente: uma parte no estômago e outra no duodeno. Aí, cai na corrente sanguínea. Seu coração bombeia o álcool para todas as células do corpo. “Bêbado” é o estado em que há mais álcool no sangue do que o fígado é capaz de metabolizar. O álcool que não é metabolizado pelo fígado irá afetar o resto do corpo.
O álcool no seu cérebro

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O neurotransmissor glutamato, por exemplo, é um daqueles “estimulantes”. O álcool diminui a liberação do glutamato nas sinapses (região que separa dois neurônios). Reconhecidamente, o glutamato é muito importante para a cognição e para a memória (está explicado o “eu não lembro de ter feito isso!”, no dia seguinte). A queda nos níveis de glutamato imediatamente desacelera a condução do impulso nervoso. O bêbado, então, tem uma resposta mais lenta aos estímulos externos.
Um exemplo de neurotransmissor
que deprime o sistema nervoso é o GABA (ácido gama-aminobutírico). O GABA
provoca um estado chamado de hiperpolarização nos neurônios, através do maior
fluxo de íons cloro nessas células. E qual a importância disso? Essa hiperpolarização
também desacelera a condução dos impulsos nervosos. O GABA causa um efeito
sedativo. Inclusive, o famoso “diazepam” (e outras drogas da classe dos benzodiazepínicos)
trás seu efeito calmante principalmente pela maior liberação de GABA. E o
álcool faz a mesma coisa – por isso, misturar essas duas drogas pode ser muito
perigoso.
Pronto. Discutimos
porque o álcool pode te deixar mais calmo, ou, num pior cenário, deprimido: ele
suprime a liberação do glutamato, que é estimulante; ao mesmo tempo em que
aumenta a liberação do GABA, que é inibidor. O que isso significa para você é
que a fala sai arrastada e os movimentos são pouco articulados. Quanto maior a
concentração de álcool no sangue, mais esses efeitos são pronunciados (daí o
desequilíbrio nos bêbados).
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Dopamina sendo liberada numa sinapse. Observe os receptores da dopamina: são proteínas transmembranares, no neurônio pós-sináptico, que são portas de entrada específicas à dopamina |
Mas aqui está a reviravolta:
ao ingerir álcool, os níveis de dopamina no cérebro aumentam, no chamado “circuito
da recompensa” (em especial, na região do estriado ventral). Quando a dopamina
encontra seus receptores, sentimos uma sensação de prazer e bem-estar. E essa
liberação de dopamina ocorre naturalmente, por exemplo, na alimentação, no
sexo e no relaxamento. Por meio do reforço positivo da recompensa, obtido
através dessas experiências, nós ficamos tentados a sempre buscá-las. O sistema
de recompensa trata-se, então, de autopreservação (e, no caso do sexo, é
fundamental para perpetuar a espécie).
O problema: o álcool é
tóxico para o corpo, mas, com essa liberação de dopamina, somos enganados. Associamos o álcool ao prazer. O sistema de recompensa é ativado, e então, você se sente ótimo. E será estimulado
a sempre buscar os prazeres do álcool. Algo principalmente preocupante se você
se sente deprimido e está buscando “afogar as mágoas”: o álcool consegue dar um
conforto, sim. Toda essa festa dopaminérgica é capaz de fazer com que você se sinta melhor. Mas isso até que os efeitos
da queda do glutamato e aumento do GABA se tornem mais fortes. Aí você se sente o deprimido da música do Reginaldo Rossi.
Inclusive, o alcoolismo tem muito a ver com a busca dos prazeres da dopamina. Acontece que, com o tempo, o cérebro se torna menos sensível a ela (algo chamado de dopamine downregulation): precisa-se de cada vez mais álcool para que a aquela sensação de bem-estar seja possível. O sistema de recompensa que nosso cérebro possui, então, acaba sendo um grande traição. Nos viciamos em algo que, em grandes doses, é um veneno.
Inclusive, o alcoolismo tem muito a ver com a busca dos prazeres da dopamina. Acontece que, com o tempo, o cérebro se torna menos sensível a ela (algo chamado de dopamine downregulation): precisa-se de cada vez mais álcool para que a aquela sensação de bem-estar seja possível. O sistema de recompensa que nosso cérebro possui, então, acaba sendo um grande traição. Nos viciamos em algo que, em grandes doses, é um veneno.
Por que o álcool te deixa mais desinibido:
Córtex cerebral: o álcool afeta essa região, onde os pensamentos são
processados e a consciência se localiza. O álcool desacelera o processamento
das informações vindas dos olhos, ouvidos, boca e outros órgãos de sentido.
Pensar com clareza torna-se mais difícil.
Por que o álcool te deixa desequilibrado:

Cerebelo: o álcool afeta essa região, que é o centro do movimento e do
equilíbrio.
Por que o álcool te deixa com sono:
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